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Alfenas, MG, Brazil
PENSADOR POR NATUREZA, GEÓGRAFO POR OPÇÃO.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Bússola pode estar desregulada

Usar correctamente uma bússola exige uma série de conhecimentos básicos, que vão desde conhecer os pontos cardeais até à declinação magnética do local em que o observador está. O problema é que o pólo magnético da Terra não é um local fixo e à medida que o tempo passa vai-se movimentando, fazendo com que os mapas tenham constantemente de ser actualizados.

A Terra sofre variações magnéticas e, desde há muito tempo, sabemos que o nosso planeta possui dois pólos fixos – Norte e Sul –, mas um grupo de físicos e navegadores diz que não é bem assim. Se por um lado, os pólos geográficos que marcam o eixo de rotação da Terra não se movem ou quase não se verifica, os pólos magnéticos estão em constante movimento, seguindo tudo aquilo que se passa nas entranhas do Mundo.

No coração do planeta há grandes movimentos que vão modificando o funcionamento do dínamo, onde nasce o campo magnético terrestre. Aquando de um congresso anual da União Americana de Geofísica (AGU), uma equipa de investigadores avançou os últimos cálculos: o pólo Norte magnético desloca-se a grande velocidade – 55 quilómetros por ano – e aproxima-se cada vez mais do pólo geográfico.

A partir de 2007, o pólo Norte magnético encontrava-se a 550 quilómetros do pólo geográfico (com uma latitude de 83.95°N e uma longitude de 121.02°O), segundo dados de um investigadores franco-canadianos. Estudos anteriores verificaram um movimento de menos de dez quilómetros por ano até 1980. Anos mais tarde, este acelerou e estabeleceu-se nos 55. Com este ritmo, poderá atingir a costa siberiana em 2040, segundo o Instituto Polar, em Inglaterra.

Arnaud Chulliat, investigador do Instituto de Física do Globo, em Paris, explica que “os modelos sugerem que existe uma região de magnetismo em rápida transformação na superfície do núcleo terrestre, possivelmente criada por um misterioso manto de magnetismo proveniente do interior do núcleo”.

Hoje, o espaço entre ambos os pólos e a inclinação magnética têm um papel menos importante do que em anos anteriores para os transportes marítimos e aéreos. O Sistema de Posicionamento Global (GPS) fornece localizações precisas, com a transmissão por satélite, independentemente do campo magnético terrestre.

Contudo, ainda nos dias que correm, o Serviço Hidrográfico da Marinha Francesa faz questão de manter mapas marítimos em dia e estão sempre informados sobre as variações do campo magnético terrestre, porque esses mapas usam um sistema de meridianos onde cruzam os pólos geográficos, mas os magnéticos não estão no centro desses pólos.

Diferença paquidérmica

 Um novo estudo realizado por pesquisadores norte-americanos e britânicos revelou que existem duas espécies de elefantes na África e não apenas uma, como se acreditava até agora.
Os pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard (Estados Unidos), da Universidade de Illinois (Estados Unidos) e da Universidade de York (Reino Unido) utilizaram análise genética para provar que, na África, o elefante das savanas e o elefante das florestas mantiveram-se separados por vários milhões de anos.
Os resultados do estudo foram publicados na revista de acesso aberto PLoS Biology. Os cientistas compararam o DNA de elefantes modernos da África e da Ásia ao DNA extraído de duas espécies extintas: o mamute e o mastodonte.
De acordo com os autores, pela primeira vez foram geradas sequências para o genoma nuclear do mastodonte. Também é a primeira fez que se realizou uma análise conjunta do elefante asiático, dos elefantes africanos da floresta e da savana, dos mamutes e do mastodonte americano.
“Do ponto de vista experimental, enfrentamos um grande desafio ao extrair sequências de DNA de dois fósseis – de mamutes e mastodontes – e alinhá-los com o DNA de elefantes modernos sobre centenas de segmentos do genoma”, disse Nadin Rohland, do Departamento de Genética da Escola de Medicina de Harvard.
“A descoberta surpreendente é que os elefantes das florestas e das savanas da África – que alguns acreditavam ser da mesma espécie – são tão distintos entre si como os elefantes asiáticos e os mamutes”, disse David Reich, professor do mesmo departamento.
Os cientistas dispunham de DNA de apenas um único elefante de cada espécie, mas conseguiram extrair, de cada genoma, dados suficientes para analisar milhões de anos de evolução até a época em que os elefantes divergiram pela primeira vez entre eles.
“A divergência das duas espécies ocorreu mais ou menos na época da divergência entre os elefantes da Ásia e os mamutes”, disse Michi Hofreiter, especialista no estudo de DNAs ancestrais no Departamento de Biologia de York. “A ruptura entre os elefantes africanos das savanas e das florestas é quase tão antiga como a ruptura entre os humanos e os chimpanzés. Esse resultado nos deixou muito surpresos.”
A possibilidade de que se tratava de duas espécies separadas foi levantada pela primeira vez em 2001, mas o estudo atual fornece a prova mais contundente até agora de que elas são de fato distintas.
Anteriormente, muitos naturalistas acreditavam que os elefantes africanos das savanas e das florestas fossem duas populações da mesma espécie, apesar das consideráveis diferenças de tamanho observadas. O elefante da savana tem uma altura média, do chão até o ombro, de 3,5 metros. O elefante da floresta tem uma altura média de 2,5 metros. O elefante da savana pesa entre seis e sete toneladas – aproximadamente o dobro do peso do elefante da floresta.
As análises de DNA revelaram uma ampla gama de diferenças genéticas entre as espécies. O elefante da savana e o mamute têm uma diversidade genética muito baixa, enquanto os elefantes da Ásia têm diversidade média e os elefantes da floresta têm uma diversidade muito alta. Os pesquisadores acreditam que essas diferenças se devem à variação dos níveis de competição reprodutiva entre os machos.
“A partir de agora temos que tratar os elefantes da floresta e da savana, para fins de conservação, como duas unidades diferentes”, disse Alfred Roca, professor do Departamento de Ciência Animal da Universidade de Illinois.
"Desde 1950, todos os elefantes africanos têm sido conservados com uma só espécie. Agora que sabemos que os elefantes da savana e da floresta são dois animais muito diferentes, a prioridade para fins de conservação deveria ser dada ao elefante da floresta”, disse.


O artigo de Nadin Rohland e outros pode ser lido em www.plosbiology.org

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Antropólogo sugere universalização de sistemas de renda mínima


Com trabalhos realizados no Lesoto, Zâmbia e África do Sul, entre outros, o antropólogo norte-americano James Ferguson, da Universidade de Stanford, defendeu uma maior atenção da antropologia ao tema da distribuição, em conferência realizada na última quinta-feira (28) na 34a reunião da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Em sua fala, ele afirmou os programas de distribuição de renda e de renda mínima como promotores do desenvolvimento em regiões pobres e como meio de reconhecimento da cidadania.
Distribuir os recursos seria uma questão de justiça tão válida em países ricos como pobres. “No Alaska, a população recebe uma renda distribuída pelo Estado como sua parte nos lucros derivados da exploração do petróleo. Na Noruega, a renda é distribuída pelo simples fato de todos serem cidadãos. Porque isso não é válido para os países africanos, tão ricos em mineração?”, questiona.
Ferguson defende os sistemas de renda mínima universalizados em lugar dos programas focalizados, que são voltados especificamente aos idosos, às crianças ou aos de mais baixa renda. Segundo ele, esse tipo de benefício direcionado custa mais caro, por causa da burocracia para evitar fraudes, e pode dar origem a injustiças que vitimam famílias que não se encaixam nos requisitos mínimos, mas igualmente necessitam dos benefícios. “Mesmo um valor muito pequeno, como 16 dólares por exemplo, faz com que as pessoas se sintam reconhecidas pelo Estado, leva a mudanças econômicas significativas e é um ponto de partida para que o benefício seja aumentado a partir de pressão popular”, aponta.
A partir de exemplos coletados em países do sul da África, Ferguson afirma que o trabalho não assalariado está crescendo nas regiões urbanas e diz que há equívocos na classificação dessas pessoas, tanto à esquerda quanto à direita do espectro político. “A esquerda os vê como trabalhadores desempregados, enquanto a direita os vê como micro empreendedores”, lembra o antropólogo, questionando a ideia de informalidade. “Eu não falaria em informalidade, mas em sobrevivência improvisada”.
Ao afirmar a antropologia como importante na análise dos problemas envolvendo a distribuição de recursos, Ferguson conta uma pequena história que mostra a insuficiência das categorias de análise em utilização hoje. “Após a crise da mineração na Zâmbia, muitos trabalhadores migraram para os centros urbanos. Com qualificação, mas sem empregos, muitos vivem de comprar cigarros em maço e vendê-los por unidade, avulsos”. Para as estatísticas, esse tipo de trabalhador está empregado e é um micro-empresário.
Em típica análise antropológica, o pesquisador criticou e dissecou o famoso provérbio chinês: "Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar". Segundo Ferguson, aceitar o provérbio significa aceitar que o problema dos pobres é uma mera questão de conhecimento, como se ele não fosse capaz de sobreviver e necessitasse que alguém os ensinasse. Além disso, o provérbio aponta para a direção errada, ao afirmar que o problema deriva da falta de produção, da necessidade de se pescarem mais peixes. Ao contrário, o problema da pobreza derivaria muito mais de uma questão de distribuição dos recursos.
Ferguson usa de um autor clássico da antropologia, Marcel Mauss – autor, entre outros, de Ensaio sobre a dádiva -, para dizer que o caminho de saída para crise atual, iniciada em 2008 e que lembraria em muito a crise da década de 1930, não é combater o mercado mas fortalecer o papel distributivo do Estado. A solução, na época, passou pela alteração do pêndulo em direção ao trabalho e distanciando-se do capital. “Mauss já nos mostrou que o mercado via além do capitalismo e é uma instância essencial de socialização”, conclui o antropólogo.

Fonte: http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=3&noticia=664

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Nuvens aumentarão o aquecimento

Uma das grandes incertezas a respeito das mudanças climáticas globais está nas nuvens. Como elas reagirão ao aquecimento do planeta – e com que consequências – é algo que tem intrigado os cientistas.

De um lado, estudos apontam que o aquecimento irá alterar as nuvens de forma a contrabalançar os efeitos dos gases estufa. De outro, pesquisas indicam que as mudanças nas nuvens aumentarão o aquecimento.

Um novo trabalho, publicado nesta sexta-feira na revista Science, reforça o lado negativo. Segundo o estudo, em escala global as nuvens, atualmente, influenciam o clima de tal modo que resulta na diminuição da temperatura na superfície do planeta. Mas elas perderão parte dessa capacidade de resfriamento. Justamente por culpa dos gases estufa.
Andrew Dessler, da Texas A&M University, nos Estados Unidos, analisou dados colhidos nos últimos dez anos por satélites dos padrões climáticos recorrentes El Niño (que causa aquecimento) e La Niña (que causa resfriamento).

As consequências dos fenômenos – mais calor ou mais frio – foram usadas para simular tendências na temperatura. Em um mundo mais quente, as nuvens mais elevadas – que tendem a segurar o calor proveniente da luz solar, que sem elas escaparia para o espaço – podem se tornar mais espessas ou se expandir em maiores áreas de cobertura. Essa resposta positiva das nuvens levaria a um aquecimento ainda maior.

Ou, então, os gases estufa poderiam engrossar e expandir as nuvens mais baixas, refletindo mais energia solar ao espaço e esfriando o planeta. Essa seria o que os cientistas chamam de resposta negativa.

A princípio, os cientistas poderiam estimar qual resposta seria prevalente em um cenário de aquecimento ao comparar a temperatura superficial com a quantidade de energia devolvida ao espaço. O problema é que registros disponíveis de tais perdas de radiação são insuficientes para revelar o que ocorreu no último século.

Dressler usou apenas dez anos de dados de satélite, que são considerados os melhores dados existentes. E removeu dos resultados as respostas devidas a outros fatores, como alterações no vapor de água.

O resultado geral do estudo apontou uma resposta positiva, isto é, de aquecimento. Ao avaliar os oito principais modelos climáticos globais, o cientista também encontrou uma resposta positiva.

Segundo Qiang Fu, da Universidade de Washington, o estudo é importante por confirmar modelos climáticos de aquecimento. “Os resultados não mostram qualquer evidência de uma grande resposta negativa das nuvens”, disse.

Mas Dressler reforça que os resultados podem ser aplicados para uma estimativa de curto prazo e que novos estudos são necessários para previsões de maior extensão.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Vida onde não se imaginava


As chances de existir vida em outros planetas acaba de aumentar. Pelo menos de acordo com o anúncio feito na tarde desta quinta-feira (2/12) pela Nasa, a agência espacial norte-americana, que destaca a descoberta de um organismo que cresce onde não se imaginava que pudesse existir vida.
O anúncio, transmitido para todo o mundo pela internet, refere-se ao estudo feito por Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa, e colegas e publicado na nova edição da revista Science.
Os cientistas descobriram uma bactéria (linhagem GFAJ-1 da famíliaHalomonadaceae) capaz de sobreviver e de prosperar em um ambiente cheio de arsênio. O elemento químico, até então, era considerado altamente tóxico a quase todos os seres vivos.
Da baleia à bactéria Escherichia coli, passando pelo homem e todos os mamíferos, os organismos terrestres dependem dos mesmos seis elementos: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, fósforo e enxofre.
A bactéria que acaba de ser descrita é a primeira exceção. E essa inusitada forma de vida não foi encontrada em outro planeta, como inicialmente deu a entender o aviso feito pela Nasa no início da semana, de que divulgaria “uma descoberta em astrobiologia que impactará a busca por evidência de vida extraterrestre”. A bactéria foi encontrada mesmo no hipersalino e altamente tóxico lago Mono, na Califórnia.
Não é uma vida extraterrestre, mas, segundo a Nasa, a descoberta amplia a busca por formas de vida desconhecidas, tanto na Terra como fora dela. Até agora, a busca tem se voltado a planetas com circunstâncias semelhantes às que se consideravam fundamentais para a existência de vida.
Ambientes venenosos – pelo menos para a maior parte dos habitantes da Terra –, como lotados de arsênio, passam a contar. A bactéria é a mais nova personagem entre os organismos extremófilos, capazes de sobreviver em condições extremas e prejudiciais à maioria das formas de vida terrestres.
Após recolher amostras da bactéria no lago californiano, Felisa e colegas realizaram experimentos em laboratório com o organismo. Verificaram que a GFAJ-1 foi capaz de transformar arsênio em fosfatos e até mesmo dispensar o fósforo. O arsênio substituiu o fósforo até mesmo no DNA da bactéria, que continuou a crescer.
“Conhecíamos microrganismos capazes de respirar arsênio, mas agora encontramos um que faz algo totalmente novo: constrói partes de si mesmo com arsênio. Se algo aqui na Terra pode fazer algo tão inesperado, o que mais a vida pode fazer que ainda não vimos?”, disse Felisa.
“A definição de vida acaba de se expandir. À medida que prosseguimos em nossos esforços para procurar por sinais de vida no Sistema Solar, teremos que pensar mais ampla e diversamente e considerar vidas de que não tínhamos conhecimento”, disse Ed Weiler, administrador da divisão de ciência da Nasa.

O artigo A Bacterium that Can Grow by Using Arsenic Instead of Phosphorus (10.1126/science.1197258), de M.Thomas Gilbert e outros, pode ser lido por assinantes da Science emwww.sciencemag.org/cgi/content/abstract/science.1197258.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Magueijo x Einstein

O físico João Magueijo assume o papel de jovem revoltado da física e questiona pilares da Teoria da Relatividade de Einstein 

Michael Brooks escreve para a revista 'New Scientist':

Quando o físico João Magueijo sugeriu que se acabasse com o postulado básico da relatividade - o de que a velocidade da luz é constante e insuperável -, colocou sua carreira em risco. Magueijo sobreviveu, mas, em seu livro, vai ainda mais longe. 

Além disso, revela o pouco caso com que vê as bases da ciência moderna. Ele acha, por exemplo, que a revisão por pares é em grande medida inútil.

João Magueijo faz parte do Grupo de Física Teórica do Imperial College, em Londres. 

Ele encontra inspiração para suas idéias incomuns em lugares incomuns: na praia, no encrave hippie de Goa, com dançarinos em êxtase saudando o Sol, caminhando debaixo de chuva em Cambridge ou conversando a noite inteira num bar em Notting Hill. 

Sua meta principal: levar suas idéias ao tribunal da experimentação no menor prazo possível.

O que fez você virar rebelde? 

Talvez tenha sido o fato de eu ter crescido em Portugal no período pós-revolucionário. O que aconteceu depois da revolução de 1974 em Portugal foi a anarquia. Sei que foi rotulado de comunismo, mas foi anarquia total. 

E isso moldou a maneira como você aborda a ciência? 

Acho que sim. Fui expulso do colégio e do catecismo, tive problemas no exército, me meti em confusão em todo lugar. Depois fiz parte de um grupo trotskista. 

... e decidiu derrubar Einstein? 

Sinto enorme respeito por Einstein. Ele é meu herói. Quando eu tinha 11 anos, meu pai me deu um livro fascinante escrito por Albert Einstein e Leopold Infeld. Infeld era um cientista polonês que trabalhou com Einstein em vários problemas importantes nos anos 1930. Einstein começou a atuar como seu mentor. Quando ficou claro que os alemães iam invadir a Polônia, naturalmente Einstein tomou a si a responsabilidade de tentar salvar seu amigo. Mas, no final dos anos 1930, ele já tinha ajudado tantas famílias judias a imigrar que suas garantias pessoais acerca dessas pessoas tinham perdido o valor perante as autoridades americanas, que ignoraram seus pedidos por Infeld. Einstein tentou encontrar para Infeld uma cadeira de professor numa Universidade americana, mas também essa tentativa fracassou. As perspectivas de Infeld eram muito sombrias. Desesperado, Einstein teve a idéia de escrever um livro de ciência popular a quatro mãos com Infeld. Foi 'The Evolution of Physics' (A Evolução da Física) - o livro que, muitos anos depois, por sua beleza singular, me levaria a querer estudar física-, escrito às pressas, em apenas dois ou três meses. O livro virou sensação enorme e levou Infeld a tornar-se repentinamente desejável aos olhos das autoridades americanas. Não fosse o sucesso alcançado por esse livro, é muito provável que Infeld tivesse se esvaído em fumaça em algum inferno nazista. 

Quer dizer então que você sente respeito imenso pelos trabalhos de início de carreira de Einstein, mas nem tanto por seu trabalho posterior? 

É isso mesmo. A visão dele de que a beleza matemática é importante é responsável por toda a baboseira sobre teorias 'elegantes' na teoria de cordas. Einstein não era assim quando era jovem. De qualquer maneira, a teoria de cordas é uma das coisas menos elegantes do mundo. Esses teóricos simplesmente apostam num enorme complexo de inferioridade, dizendo que foi abençoado por Deus ou algo assim. Não dou a mínima para a elegância. Você começa com uma motivação experimental, faz alguma coisa interessante e então traça uma previsão que pode ser testada. Isso é ótimo. Essa coisa de elegância é auto-indulgência, nada mais. 

Para fazer algo de significativo em ciência é preciso seguir seus instintos básicos. É nisso que você acredita? 

Pegar o bonde andando é quando alguém importante diz que você deve fazer alguma coisa, e todo o mundo, velho ou jovem, pula em cima do bonde. Mas, sim, se você quiser fazer algo de novo, precisa ter a coragem de dar um salto. 

Pular para fora do bonde é arriscado. Se você sugerir algo tão radical quanto uma velocidade de luz variável, não poderia ser o suicídio de sua carreira?

É verdade. Talvez eu não tivesse agido com tanta tranquilidade se não contasse com esta bolsa de estudos da Royal Society, que me proporciona uma rede de segurança por dez anos. Durante esse prazo, posso ir a qualquer lugar e fazer o que eu quiser, desde que seja produtivo. 

Quer dizer que você tem liberdade para ser o 'jovem revoltado' da física? 

Talvez a impressão que se tenha é que sou amargo e ressentido, mas, se você está lendo um livro, a linguagem corporal se perde. Você está falando comigo cara a cara e pode ver que, na realidade, estou brincando com tudo isso. Não sou um jovem revoltado, estou apenas sendo franco. Não há ressentimentos. Posso dizer coisas ofensivas, mas faço tudo sem a intenção de ofender. 

Então por que a velocidade da luz deve variar? 

A questão real é: 'Por que a velocidade da luz deve ser constante?' A constância da velocidade da luz é a premissa básica da relatividade, mas temos muitos problemas na física teórica, e esses provavelmente resultam da premissa de que a relatividade funcione o tempo todo. A relatividade deve entrar colapso em algum momento no princípio do Universo, por exemplo. 

Como você chegou a essa idéia? 

Quando eu atravessava os gramados do St. John's College em Cambridge, numa manhã chuvosa, me veio à cabeça a idéia de que, se estamos confusos por causa da relatividade, uma velocidade da luz que fosse variável talvez seja a resposta. Valia a pena tentar. 

Isso foi três anos atrás. Sua teoria já chegou ao ponto de ser aceita? 

Depende de o que você quer dizer com 'aceita'. Um periódico me encomendou um grande artigo sobre o assunto. E já nos tornamos respeitáveis, pelo menos na medida em que um grande número de pessoas já está trabalhando sobre a teoria.

Deve ser levada a sério a idéia de que a velocidade da luz é variável?

Ainda não sabemos. Ainda não é certo. A velocidade da luz variável [VLV] começou com apenas uma idéia, e ela não tinha alcance especialmente longo. Era a solução de um problema cosmológico -grande coisa! Mas é fascinante o fato de que a teoria vem se desdobrando em direção à gravidade quântica. Estou muito entusiasmado, mas a teoria pode acabar se mostrando certa ou pode mostrar que está errada. Em última análise, está nas mãos da natureza. 

Então você não ficará arrasado se for constatado que a teoria da VLV está errada? 

A idéia inicial nunca é a forma final da idéia -ainda é uma obra em andamento. Havia um grande furo na teoria: a VLV não funcionava como teoria capaz de descrever as variações na radiação cósmica de fundo em microondas. Nos últimos meses, porém, superamos esse problema. Mas não tenho problema algum em ir trabalhar com outra coisa. A VLV não é uma religião, não é um partido político. 

Como a teoria das cordas, você quer dizer? Em seu livro, você tratou os teóricos das cordas com grosseria. 

Não tratei, não! 

Mas você se refere às cordas no universo deles como o 'púbis cósmico'. Você sugere que haveria ali algo representativo de 'masturbação'. 

Acho que se atribui importância demais à teoria das cordas. É possível que a resposta final tenha algo a ver com ela, mas, a julgar pelo que seus proponentes realizaram até agora, não é essa a impressão que se tem. Ela é tão distante de qualquer coisa que possa ser testada que não pode ser descrita como uma teoria científica. Algumas idéias muito boas saíram dela, mas, na realidade, elas são aviõezinhos de aeromodelismo -são idéias bonitas, não teorias físicas. Eu não teria dito nada se eles só ficassem brincando com seu joguinho. Mas eles enfeitam a idéia toda, como se ela fosse a resposta final para tudo. 

Já que estamos falando em grosseria, por que você é tão mordaz quando fala de periódicos acadêmicos? 

Acho que eles não têm futuro. São uma perda de tempo. Não leio um periódico desses há anos. O futuro está na internet. Os arquivos da internet não fazem uma filtragem para excluir as coisas boas, e as coisas que não prestam também estão lá, assim como estão nos periódicos. No futuro, as pessoas publicarão seus artigos apenas em arquivos da internet.

Isso certamente mudaria a maneira como avaliamos a ciência. Como ficaria a revisão feita por pares? 

A revisão de pares não quer dizer nada. O sistema vem se desintegrando há anos. Ele equivale a relatórios de árbitros ['referees]'. Ou eles conhecem você e gostam de você, ou o conhecem e não gostam de você. Se não o conhecem, então depende da instituição onde você está. O sistema se tornou corrupto nesse aspecto. Hoje em dia, eu frequentemente me recuso a ser árbitro. Às vezes me mandam três ou quatro artigos por semana para julgar. Não há como fazer um trabalho decente. Eu não deveria dizê-lo, mas, já que os trabalhos deveriam estar nos arquivos de qualquer maneira, às vezes eu simplesmente aceito tudo. Não vejo por que rejeitar um artigo, a não ser que ele seja cientificamente muito ruim. 

Como podemos saber o que é cientificamente bom e o que não é? 

Para o cientista, é óbvio. Você lê um resumo e sabe imediatamente o que está acontecendo, se o trabalho vale a pena ser lido ou não. Não é preciso nenhum árbitro para lhe dizer isso. Na maioria dos casos, os árbitros são pessoas realmente conservadoras, que rejeitam tudo. Entretanto, em alguns relatórios positivos que vi, fica claro que o árbitro não leu o artigo. Na realidade, prefiro as rejeições. Pelo menos assim eu sei que leram meu artigo. 

Mas como outros setores -por exemplo as agências que buscam verbas para a ciência- podem discernir o que é ciência válida? 

É mais complicado. Elas poderiam perguntar para alguém bem-informado. Mas acho que, se o dinheiro fosse enviado diretamente aos cientistas, sem passar pelas agências de financiamento, haveria menos desperdício, de qualquer maneira. A gente poderia decidir na cara ou coroa, em lugar de ter comitês intermináveis decidindo quem recebe o quê. 

Sim, seu livro deixa claro que você não é fã da burocracia da ciência. Você diz que os administradores do Imperial College exploram seus cientistas. Será que você ainda terá emprego depois que o livro for publicado? 

De acordo com os advogados da editora britânica do livro, sim. Mas eu disse o que precisava ser dito. Há multidões de problemas, não apenas no Imperial College, mas com o mundo acadêmico britânico de modo geral. As consultorias administrativas mandam na ciência. No Imperial College, com certeza, houve um aumento muito grande nos níveis administrativos. Não precisaria ser assim: o novo Instituto Perimeter, em Ontário, onde Lee Smolin trabalha, está tentando algo diferente, com o mínimo possível de administradores. Não sei se vai funcionar, mas fico feliz por alguém estar tentando. 

O que você pretende fazer agora? 

Uma das coisas que eu observo no livro 'Faster Than the Speed of Light' é que, após uma certa idade, você pára de fazer ciência de boa qualidade. Não sei o que vai acontecer quando eu ficar velho e parar de fazer ciência de qualidade. Eu não acharia ruim a idéia de virar escritor. Não quero dizer escritor de ciência popular -eu gostaria de escrever romances, ficção. É uma maluquice, uma aposta no escuro, mas uma coisa é certa: não vou virar burocrata da ciência. (Tradução de Clara Allain)

sábado, 17 de julho de 2010

Nasa capta degelo surpreendente em geleira da Groenlândia

A agência espacial americana (Nasa), monitorou através de imagens de satélite, o desprendimento de um bloco de gelo de 7 km² pertencente à geleira Jakobshavn Isbrae na costa oeste da Groenlândia. O processo de rompimento ocorreu entre os dias 6 e 7 deste mês. O pedaço de gelo perdido equivale a um oitavo do tamanho da ilha de Manhattan (NY).
derretimento do gelo na groenlândia
Os cientistas ficaram surpresos com a rapidez do episódio. Um degelo detectado assim em poucas horas foi considerado um fenômeno novo para os estudiosos. "Embora tenham ocorrido outros eventos da mesma magnitude no passado, esse caso é incomum porque vem logo após um inverno mais quente em que não há gelo formado em torno da baía", declarou Thomas Wagner, cientista da agência americana.
Uma equipe de pesquisadores tem monitorado a Groenlândia e suas geleiras resultantes utilizando imagens de satélites e as observações só reforçam a teoria de que o aquecimento dos oceanos tem sido responsável pelo derretimento do gelo observado em toda região e na Antártida.
Os satélites Landsat, Terra e Aqua ajudam a dar uma noção ampla da transformação do gelo em ambos os pólos. Na recente observação, os pesquisadores receberam imagens da DigitalGlobe e do WorldView 2 mostrando as fendas e as rachaduras se formando.
Além do sensoriamento remoto, a Nasa vai financiar a implantação de GPS, câmeras e equipamentos científicos no topo do gelo para acompanhar a evolução da transformação da região.
derretimento do gelo na groenlândia ao longo dos anos
O glaciar Jakobshavn Isbrae diminuiu mais de 45 quilômetros nos últimos 160 anos, sendo 10 quilômetros só na última década. Para os cientistas, 10% de todos os icebergs que se desprendem na Groenlândia procedem da geleira de Jakobshavn. Assim sendo, ela é considerada a maior contribuinte para o aumento do nível do mar no hemisfério norte do planeta. 

Fonte: http://www.apolo11.com/mudancas_climaticas.php?posic=dat_20100713-102323.inc

Plantas têm memória!


Investigadores descobriram que as plantas são capazes de “lembrar” e “reagir” à informação contida na luz.
Elas transmitem informações sobre a intensidade e qualidade da luz de folha em folha de uma forma muito semelhante ao nosso sistema nervoso. Estes “sinais eletro-químicos” são conduzidos por células que atuam como “nervos” nas plantas.
Os pesquisadores usaram imagens de fluorescência para ver como as plantas respondiam. A luz que brilhou sobre uma folha causou que a planta inteira respondesse. E a resposta, que assumiu a forma de reações químicas induzidas pela luz nas folhas, continuou no escuro – ou seja, a planta se “lembrou” da informação codificada na luz.
O que foi ainda mais peculiar é que a reação das plantas mudou conforme a cor da luz que as atingiu. Os pesquisadores suspeitam que as plantas possam usar a informação codificada em função de estimular reações químicas de proteção, já que o efeito de diferentes cores de luz afetou a imunidade das plantas a doenças.
Quando se brilhava uma luz na planta por uma hora e as infectava com um vírus ou bactérias 24 horas depois, a planta resistia à infecção. Mas quando a planta era infectada antes de brilhar a luz, ela não conseguia construir a resistência.
Ou seja, os cientistas afirmam que a planta tem uma memória específica para a luz que constrói a sua imunidade contra patogenias, e ela pode adaptar essa memória a diferentes condições de luz, afinal cada dia ou semana de uma temporada tem uma “qualidade de luz” característica.
Os pesquisadores dizem que isso pode ser considerado uma forma de
inteligência. [BBC

Fonte: http://hypescience.com/plantas-tem-memoria/

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Antidepressivos na água fazem com que camarões se “suicidem”

Não é brincadeira! Enquanto antidepressivos são feitos para melhorar a saúde mental dos humanos, o oposto acontece com camarões, que parecem desenvolver tendências suicidas se expostos à droga conhecida como fluoxetina.
Camarões normalmente nadam em águas mais escuras, para não serem expostos à luz virando presas fáceis para pássaros e outros predadores. Mas camarões que tiveram contato com a fluoxetina nadam em direção à luz, colocando-se em situação de risco e sendo facilmente capturados.
A fluoxetina vai parar na água através do esgoto, que leva secreções humanas que contém a substância para rios e mares. Biólogos se preocupam com o comportamento das populações de camarões já que, se grande parte delas entrar em contato com a fluoxetina, isso pode causar um desequilíbrio no ecossistema.
Segundo biólogos marinhos da Universidade de Portsmouth muito do que os humanos consomem acaba nos crustáceos. O café, por ser muito consumido nos Estados Unidos, está fazendo com que a concentração de cafeína nos mares da região seja muito grande.
Mas não são só os camarões que sofrem com isso. Tanto eles quanto ostras estão devolvendo toxinas para quem os consome – ou seja, nós!
Adultos estão ingerindo dioxina, um poluente “comum”, através de frutos do mar. Essa toxina pode causar diabetes, doenças cardíacas, câncer, endometriose, menopausa antecipada e reduzir a testosterona. Segundo as pesquisas, somos expostos à quantidades de dioxina cerca de 1200 vezes superiores ao que é considerado seguro.


Fonte: http://hypescience.com/antidepressivos-na-agua-fazem-com-que-camaroes-se-%E2%80%9Csuicidem%E2%80%9D/

Estudo: tempestade derruba meio bilhão de árvores na Amazônia

Um estudo realizado por cientistas brasileiros e norte-americanos concluiu que uma violenta tempestade de grande porte ocorrida em janeiro de 2005 causou a perda de mais de 500 milhões de árvores na Região Amazônica, o equivalente a três anos de desmatamento na Amazônia Legal.
Tempestade na Amazônia 2005
Os dados foram computados utilizando-se imagens de satélites e relatos de habitantes que viviam próximos às áreas afetadas e refletem o ocorrido entre 16 e 18 de janeiro de 2005, quando uma vasta linha de instabilidade de 200 km de largura e 1000 km de comprimento vinda de sudoeste atravessou a bacia amazônica. O fenômeno provocou pesadas tempestades que causaram diversas vítimas fatais em Santarém, Manacapuru e Manaus.
Na ocasião, ventos verticais com até 140 km por hora partiram árvores ao meio. Em muitos casos, as árvores atingidas derrubaram outras espécies vizinhas, em um verdadeiro dominó de destruição.
O estudo será publicado esta semana na revista científica Geophysical Research Letters e foi elaborado por pesquisadores da ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ligada à Universidade de São Paulo, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPA), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade estadual Paulista (UNESP) e Tulane University, de Nova Orleans, EUA.

Estudo
De acordo com o professor Edson Vidal, da ESALQ, existem em média 180 árvores por hectare na Região Amazônica. Segundo Vidal, a análise feita pelo INPE entre 2007 e 2009 mostrou que foram desmatados 32.026 quilômetros quadrados. Isso equivaleria à 576 milhões de árvores derrubadas no período da tempestade.
seca na amazônia
Estudos anteriores já atribuíam o aumento na mortalidade das árvores em 2005 à forte seca prolongada que atingiu parte da floresta, mas o novo estudo identificou novas áreas atingidas e que não haviam sido computadas na ocasião, incluindo quedas de grupo árvores menores que não são detectadas pelo satélite, mas foram relatadas pelas pesquisas de campo.
No entender de Robinson Negrón-Juárez, da Universidade de Tulane, nos três dias da tempestade, entre 441 e 663 milhões de árvores foram destruídas em toda a floresta. Isso equivale a três anos de desmatamento na região da Amazônia brasileira. Nas áreas mais atingidas constatou-se que cerca de 80% das árvores foram derrubadas.
"Tempestades destrutivas que se movem do nordeste em direção ao sudeste da Amazônia são relativamente comuns e ocorrem até quatro vezes por mês. Raras e pouco estudadas são os sistemas que sem movem em direção oposta, como esse que ocorreu em 2005", disse Negrón-Juárez.
Segundo os autores do trabalho, o estudo revelou perdas muito maiores do que se pensava e sugere que devido às mudanças climáticas, tempestades altamente destrutivas deverão se tornar mais comuns naquela região, destruindo mais árvores e aumentando ainda mais as concentrações de carbono na atmosfera.